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terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Ano Novo: a Chama da Esperança


Provavelmente, toda a pessoa otimista e, concretamente, o povo português, sempre entende que qualquer situação, “ainda podia ser pior”, o que significa que, “do mal, o menos”, isto é, com o advento de um novo ano, algo pode mudar, natural e desejavelmente, para melhor, é o que toda a gente mais ambiciona.

No Ano Novo também se festeja o “Dia Mundial da Paz”. Seguramente que neste primeiro dia do ano, quem é que, entre outros valores não deseja a Paz, a Segurança, a Estabilidade em todas as suas dimensões e, já agora, quem não pretende que também a Solidariedade, o Amor, a Amizade, a Lealdade, a Humildade, a Gratidão e tantos outros bens imateriais que se refletem na vida das pessoas, sejam uma realidade?

Agora é tempo de uma nova esperança, num futuro melhor, para todas as pessoas, independentemente da sua condição estatutária. É o primeiro dia de muitos dias, meses e anos que se pretendem de sucesso, de felicidade, de conforto espiritual e material, porque estes dois bens são inseparáveis.

Todos os Anos Novos, renasce uma promissora expectativa. O mundo, no seu todo e, particularmente, as gentes de todas as condições, acreditam que será possível um futuro melhor, basta que todas as pessoas para isso queiram contribuir: seja com os seus comportamentos compreensivos, tolerantes e cooperantes; seja com uma forte determinação em eliminar as consequências negativas que transitaram do ano passado, corrigindo erros, melhorando atitudes.

O Ano Novo deverá levar-nos a refletir sobre o que poderemos melhorar, o que deveremos refazer, ou começar tudo de novo. É tempo de fazer o balanço de um ano de convivência com os nossos semelhantes, seja em que contexto for: familiar, profissional, social, cultural, político, religioso, lazer ou qualquer outro.

É essencial que, independentemente das afrontas de que tenhamos sido vítimas, do desdém a que nos tenham votado, das rejeições que sofremos ao longo do ano anterior, tenhamos agora condições para apelarmos a quem de alguma forma nos “humilhou” para que cessem com esse comportamento desumano.

É tempo de reacendermos a chama de uma nova esperança, de uma nova oportunidade para a boa convivência, para a solidariedade, para a amizade, para a lealdade, para a humildade e para a gratidão. Não podemos ignorar quem nos tem feito bem, sob várias perspetivas, sem nunca pedir nada em troca, a não ser a retribuição daqueles valores e atitudes.

Para este novo ano de 2016, deseja-se apaziguar os conflitos locais, regionais e internacionais, como também as crispações nacionais que, em determinados setores da vida pública se fazem sentir, e que não conduzem a resultados que sejam favoráveis ao bem-estar das populações.

É inaceitável pensar-se, exclusivamente, no interesse próprio, mesmo que isso seja legítimo, do ponto de vista de quem assim procede, todavia, se o todo estiver bem, igualmente, as partes também estarão. O coletivo social deve estar ao serviço da pessoa verdadeiramente humana, tal como esta, também tem o dever de colaborar nos projetos coletivos.

Em todos os Anos Novos se renovam votos para um futuro auspicioso. As promessas, oriundas dos diferentes setores da sociedade, por vezes também se fazem ouvir, mas, passado este dia de júbilo, de paz e de esperança, infelizmente, quase tudo volta ao ponto “zero”, ou seja, tudo como dantes, e isso não pode acontecer.

As pessoas carecem, têm direito, de saber com o que podem contar no futuro. Ninguém deverá ter a arrogância de “publicitar fantasias”, de ludibriar justas e legítimas expetativas, pelo contrário, quem detém o poder, qualquer que este seja, tem a obrigação de zelar pelo bem-estar de quem lhe está subordinado.

Neste novo ano, talvez seja acertado iniciar uma reflexão em como e em quê, podemos melhorar os nossos princípios, valores e sentimentos, e aplicá-los aos nossos semelhantes, eventualmente, começando por retribuir-lhes todas as atenções percebidas ao longo do ano transato, todas as gentilezas, todas as amabilidades e todas as palavras, gestos e apoios recebidos. Será um bom princípio para alimentar a chama da esperança em manter sentimentos e emoções, entretanto, “espezinhados”.

Vamos todos acreditar e contribuir para que 2016 seja, finalmente, o início de uma longa era de prosperidade, de conforto, de esperanças renovadas, que nos podem alimentar, finalmente, a certeza de um futuro verdadeiramente digno da condição de toda a pessoa genuinamente humana.

O passado, é isso mesmo, um pretérito que apenas deve ser recordado para melhorarmos um presente que segundo a segundo está connosco, mas, principalmente, para nos projetarmos com vigor, com a certeza de que temos capacidades inatas para conquistar um futuro prometedor que merecemos.

Queiramos acreditar que todos juntos, sem ódios nem intenções de vinganças, embora não esquecendo os males que nos tenham feito, iremos conseguir atingir objetivos materiais, bem como outros, de natureza inefável, que proporcionarão, finalmente, o reconhecimento da grandeza e dignidade humanas.

Estamos todos no mesmo “barco”, ainda que algumas pessoas se considerem superiores, por qualquer circunstância da vida. A verdade, porém, é que há situações que não escolhem estatutos, sexos, idades e, numa qualquer “esquina” da vida, e do mundo, nos encontramos: umas vezes, por cima; outras vezes por baixo e, quem hoje desfrutando de uma qualquer supremacia e dela abusar para humilhar e perseguir quem está por baixo, amanhã as situações podem inverter-se e então, ninguém gostará de receber as maldades que fez a outros.

Importa, refletir, maduramente, que estamos de passagem. Não sabemos, verdadeiramente: de onde vimos? Quem somos? Para onde vamos? Com o nosso desaparecimento físico, talvez uma outra dimensão, porventura, espiritual, se desvele, não perante a pessoa terreste, talvez, face a uma Entidade Divina.

Mas enquanto o desenlace não ocorre, temos de conviver uns com os outros, o melhor possível, porque: «O problema da convivência não é apenas uma questão de estabilidade. Se acharmos uma solução estável no sentido de poder evitar as catástrofes da guerra e da fome, nem mesmo assim teremos resolvido o problema. Há uma exigência tão importante quanto essa: a de dar a todo o homem, dentro do quadro geral da organização, um ambiente digno de seres humanos. É preciso parar com a atual desumanização da vida.» (KERSTIN e ALFVÉN, 1969:155). 

O Ano Novo de 2016, também deve ser pensado, por muito que nos custe e faça sofrer, na situação das centenas de milhares de migrantes, das centenas de mortes, dos milhares de crianças que estão a sofrer autênticas desumanidades, que não têm culpa nenhuma dos desmandos dos adultos, que nem sequer pediram para nascer, mas que continuam a ser as vítimas mais frágeis neste mundo.

A Europa, dita civilizada, ancestralmente defensora dos valores humanistas, onde Portugal se inclui, não pode ficar indiferente a esta catástrofe. Cabe aos povos das nações europeias, e não só, como também a todos os governantes, entenderem-se na resolução da situação de quem está diminuído em quase todas as suas dimensões humanas. Haja respeito, compreensão, solidariedade, amor benevolência, compaixão e caridade pelos nossos irmãos migrantes.

Neste primeiro dia do ano, dia mundial da Paz, deixo-vos sinceros votos para que este Ano Novo seja vivido com muita alegria, felicidade, amor, serenidade e concórdia. Que, no que for possível, nos reconciliemos, sem renunciarmos aos nossos princípios, valores, sentimentos e emoções. Que sejamos capazes de praticar a solidariedade, a amizade, a lealdade, sempre com humildade e gratidão, principalmente para com as pessoas que já demonstraram estar incondicionalmente do nosso lado, para o nosso bem-estar material e espiritual.

Bibliografia:

KERSTIN e ALFVÉN, Hannes, (1969). Aonde Vamos? Realidade e destinos da humanidade. Trad. Jaime Bernardes da Silva. S. Paulo: Círculo do Livro S.A.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Sócio N. 133

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Natal: Solenidade da Família e da Reconciliação


Há quem lhe chame a “Festa da Família”. Concordemos com essa qualificação, mas também lhe poderemos acrescentar a “Reconciliação”, porque na verdade é nesta quadra festiva que muitas famílias, amigos e outras pessoas desavindas, ou pelo menos, com relações menos boas, que poderão ter uma oportunidade para se apaziguarem, e tentarem minimizar as consequências entretanto ocorridas por força dos desentendimentos e outras questões melindrosas.

O Natal não pode ser apenas um tempo de “consumo”, muito embora, o comportamento gastador, para quem pode, seja uma forma de satisfazer alguns desejos que, durante o ano, pretendia ver realizados, aguardando-se, então, para esta quadra do ano, a concretização dos anseios, mais ou menos prementes.

Certamente que muitas pessoas constroem as suas críticas, precisamente, por se verificar este excesso consumista, em alguns casos, com bens e serviços que até nem serão de primeira necessidade, mas: se se trata de concretizar um “sonho”; realizar uma ambição há muito desejada; e se as pessoas têm condições financeiras para assim procederem, não há que julgar, negativamente, quem quer que seja.

O Natal também é uma festa de dádiva, a começar pelas crianças que, com alegria e ansiedade, aguardam aquela noite para abrirem os seus presentes, justamente ao lado da árvore natalícia e do presépio onde se encontram as principais figuras deste evento: Jesus, Maria e José, Reis Magos a caminho e todo um conjunto de outros “intervenientes”, como os pastores, os animais, as oferendas, enfim a própria natureza vegetal coberta de neve.

Trata-se de um enquadramento mágico, que as crianças, e não só, valorizam profundamente, que vivem aqueles momentos com uma alegria indisfarçável, a felicidade estampada nos olhinhos, naquelas faces belíssimas, sim, porque toda a criança é bela em toda a sua inocência, grandeza e dignidade.

Mas neste Natal de 2015, de resto como em todos os natais, deveríamos parar um pouco para pensar, desde logo no que fizemos de errado ao longo do ano, nas pessoas que, intencional e insensatamente, ofendemos, magoamos, apenas para satisfazermos egoísmos pessoais, alimentar uma certa vaidade de ostensivo poder, ou promover alguma mesquinha vingança.

A Reconciliação será, portanto, uma outra dimensão do Natal. Evidentemente que é necessário que as pessoas tenham a humildade e generosidade suficientes para se perdoarem entre si (o que não significa, esquecer), sim, porque todos nos ofendemos reciprocamente, seja: pela afronta premeditada; pela humilhação; pela rejeição; pela imposição da mágoa, dor e sofrimento ou por quaisquer outros princípios, valores e sentimentos, entretanto violados.

A Reconciliação é uma atitude que as pessoas bem formadas, compreensivas e tolerantes, acabam por assumir, porque só assim poderemos alcançar alguma paz interior. Não se está aqui a aplaudir quem nos ofende, muito menos que tenhamos de aceitar tudo o que nos fazem com objetivos de nos magoar, ofender, prejudicar e achincalhar, e ficarmos impávidos e serenos.

O adágio popular, segundo o qual: “Quem não se sente não é filho de boa gente”, apesar de talvez um pouco “fora-de-moda”, em certas circunstâncias terá a sua lógica própria e poderá, inclusivamente, revelar o autêntico caráter da pessoa que não reage às ofensas que recebe de outrem.

A sociedade atual atravessa tempos muito difíceis, é verdade. O valor TER sobrepõe-se, quase sempre, à circunstância do SER. É claro que é legítimo a toda a pessoa lutar por “Ter”: ter saúde, ter trabalho, ter amor, ter felicidade, ter bens materiais, ter tudo o que lhe faz falta na vida, para ter uma existência verdadeiramente digna da pessoa de deveres e direitos.

É da condição humana possuir o que lhe é necessário: para que o conforto nunca lhe falte; para que o seu estatuto socioprofissional seja o melhor possível; para que a vida não seja nenhum “calvário” de dor, sofrimento e miséria. A redistribuição das riquezas naturais deveria, também, ser uma realidade, naturalmente segundo critérios justos, com base no mérito de cada pessoa.

Neste Natal, que é o nosso presente, outros já são passado e, quanto ao futuro, no que a esta festividade respeita, ainda não chegou, então, por enquanto, pensemos na família como: “baluarte” de valores altruístas; núcleo fundador de uma sociedade mais justa, mais equilibrada, mais tolerante e mais estimada.

Toda a gente, em geral, deseja uma festa natalícia com solenidade, esta no seu sentido mais grandioso e digno, onde a solidariedade, a amizade, a lealdade, a gratidão e tantos outros valores, genuinamente humanos, nos fortalecem, nos enobrecem e nos elevam acima de toda a natureza que connosco convive neste planeta.

Viver intensa e caritativamente o Natal é uma outra dimensão que não deve ser descurada, através da qual teremos de olhar e solidarizarmo-nos com o “Outro”, nosso semelhante, apoiá-lo de acordo com as nossas possibilidades e transmitir-lhe um pouco de alegria que, provavelmente, não terá tido ao longo do ano.

O Natal que desejamos para nós, pode ser, igualmente, pretendido para os nossos irmãos na Fé, no Amor, na Amizade e nos Sentimentos mais nobres. É crucial que se faça um “esforço”, que se pratique um ato de generosidade, no sentido de promovermos a aproximação daqueles que, apesar de nos terem ofendido, humilhado e magoado, ao longo do ano, ainda alimentam a esperança de recuperarem amigos, entre os quais, nós poderemos ser um deles.

Reconciliação é, inevitavelmente, a “prenda” que “embrulhará” o que de mais profundo deverá existir nas nossas vidas, que queremos para nós, mas também para todos os que connosco coabitam neste mundo. Uma prenda que comporte em si mesma princípios, valores, sentimentos e emoções, mas também alguns bens materiais, tão necessários à vida confortável e condigna.

Nesta reflexão de Natal, o seu autor desejará muito ser o primeiro a pedir perdão a todas as pessoas que, por quaisquer circunstâncias da sua vida, magoou, ofendeu e criticou injustamente. Fica claro que, da sua parte, pede idêntico comportamento a quem de alguma forma também o lacerou, afrontou e rejeitou, injusta e arbitrariamente, talvez, até, eventualmente, com alguma crueldade.

Nesta quadra de grande solenidade da família, mas também de autêntica reconciliação, façamos todos um esforço para sermos retos, para adotarmos comportamentos assertivos, fidedignos e transparentes, mesmo que tenhamos de “abdicar” de outros interesses, situações, pessoas e “pseudoamizades”, porque a reconciliação também não pode ser “capitulação” total e incondicional a quem não tem estado, e continua a não estar connosco, ou, pior do que isto, a quem quer estar connosco e com quem nos ofende.

Natal, festa da Família, da Reconciliação, do Amor/Amizade. Que este ano o possamos usufruir em plenitude de liberdade, qualquer que esta seja: política, religiosa, profissional, social, estatutária ou de outra natureza. Todos temos o direito à diferença, todos devemos respeitar as posições de cada pessoa, concordando ou não com as suas ideias, atitudes e comportamentos, desde que não sejamos ofendidos, nem humilhados.

O Natal de 2015, também deve ser recordado, por muito que nos custe e faça sofrer, pela situação das centenas de milhares de migrantes, das centenas de mortes, dos milhares de crianças que estão a sofrer autênticas desumanidades, que não têm culpa nenhuma dos desmandos dos adultos, que nem sequer pediram para nascer, mas que continuam a ser as vítimas mais frágeis neste mundo.

A Europa dita civilizada, ancestralmente defensora dos valores humanistas, onde Portugal se inclui, não pode ficar indiferente a esta catástrofe. Cabe aos povos das nações europeias, e não só, como também a todos os governantes, entenderem-se na resolução da situação de quem está diminuído em quase todas as suas dimensões humanas. Haja respeito, compreensão, solidariedade e amor pelos nossos irmãos migrantes.

Nesta sublime quadra natalícia, deixo-vos sinceros votos de Festas vividas com muita alegria, felicidade, amor, serenidade e paz. Que, no que for possível, nos reconciliemos, sem renunciarmos aos nossos princípios, valores, sentimentos e emoções. Que sejamos capazes de praticar a solidariedade, a amizade, a lealdade, sempre com humildade e gratidão, principalmente para com as pessoas que já demonstraram estar incondicionalmente do nosso lado, para o nosso bem-estar material e espiritual.
 

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

925 935 946


 

 

 

domingo, 1 de novembro de 2015

Valores da Dignidade Humana


A pessoa humana nasce livre, qualquer que seja o regime político-cultural do local de nascimento, quanto mais não seja porque ela, nesse momento de primeiro contato com o mundo extra-uterino, é inimputável, na perspectiva de lhe serem atribuídas quaisquer responsabilidades, embora seja um ser com direitos, que lhe devem ser facultados pela sociedade em geral; e pelos pais em particular.

A Liberdade é um desses direitos que nenhum sistema, nenhuma pessoa, nenhuma lei lhe podem negar, muito embora, com o percurso de vida que ela vai efetuar, algumas restrições, deveres, obrigações e diversos condicionalismos lhe vão sendo impostos que, de alguma forma, reduzem a Liberdade que à nascença desfrutava, obviamente, sem o saber e sem a capacidade de a exercer. A Liberdade absoluta vai ser exercida num quadro específico que transcende o homem.

Os direitos inalienáveis que nascem com a pessoa humana, como o direito à vida, à segurança e proteção, à saúde e assistência médica e medicamentosa, à integridade física e moral, à identidade e dignidade humanas, à educação, à alimentação, ao afeto e ao amor, deveriam ser-lhe garantidos pelos pais, pela família, pela sociedade e pelo Estado.

Deveriam, mas nem sempre assim acontece: quer a sociedade viva num regime democrático, de liberdade e cidadania; quer se verifique um qualquer sistema ditatorial. A pessoa humana, durante muitos anos da sua vida inicial, é uma criatura indefesa, totalmente dependente, sem recursos para fazer valer os seus direitos. A família, a sociedade e o Estado sabem disso, no entanto, nem sempre fazem o melhor para garantir à criança, a fruição de todos os seus direitos que, por sinal, são muitos e bem necessários.

Apesar de tudo, acredita-se que a pessoa que nasce num regime político-cultural, onde os valores da Democracia, da Liberdade e da Cidadania são o suporte dessa sociedade, as possibilidade de crescer e viver com mais autonomia e responsabilidade são bem maiores e a qualidade de vida, certamente, diferente, desejavelmente, para melhor.

 Aqueles valores são o fundamento para que toda a pessoa humana se possa assumir, com dignidade, no seio da sociedade, interpretando os diversos papeis sociais, a vários níveis e, com certeza, não sofrerá represálias, nem perseguições e correspondentes punições, pelo facto de expressar as suas ideias e participar, livre e democraticamente, na vida cívica da sua comunidade.

 Esta característica de livre expressão da opinião já vem da antiguidade helénica: «(…) em Atenas a liberdade de opinião era inerente à Democracia, porque o processo de autogoverno pelos cidadãos era necessariamente conduzido por debates abertos na assembleia e no conselho. Nem existia nada de parecido com a moderna organização partidária, por meio da qual as vozes dissidentes pudessem ser disciplinadas ou silenciadas. A Democracia e o debate aberto eram inseparáveis.» (ARBLASTER, 1988:39).

 

Bibliografia.

 

ARBLASTER, Anthony, (1988). A Democracia, Trad. M.F. Gonçalves de Azevedo, Lisboa: Editorial Estampa, Temas Ciências Sociais. (7) Pp. 11-23.

 

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
925 935 946


 

 

 

domingo, 4 de outubro de 2015

Idade da Vida


Refletir sobre a “Idade da Vida”, pode parecer um exercício simples, a partir da ideia, segundo a qual, ela estará inserta em vários documentos pessoais e não só: nasceu no dia tal, de um determinado ano e, fazendo as contas até ao presente, obtém-se uma idade, dita cronológica e que hoje em dia corresponderá à verdade, todavia, haverá uma diferença substancial entre quem vive intensamente e diversificadamente e quem se deixa comandar por um certo comodismo rotineiro, monótono e, praticamente, inalterável, dia-após-dia.

Habitual e oficialmente, a idade que é aceite consta de um documento de identificação que, por vezes, nomeadamente para efeitos de empregabilidade, e não só, prejudica quem tem uma idade cronológica certificada mais avançada, independentemente das condições físicas, psicológicas e intelectuais, sabendo-se que, designadamente, por exemplo, em Portugal, quem tem quarenta ou mais anos de idade já é considerado velho para trabalhar e muito novo para se reformar, resultando daqui, uma inqualificável discriminação negativa, para as pessoas naquelas circunstâncias.

A sociedade também está estratificada por idades. A pirâmide etária da população contempla: crianças, jovens, adultos e idosos, sendo que um país poderá ser tanto mais promissor e sustentável, quanto a sua elevada taxa de natalidade e, portanto, uma pirâmide com uma base alargada, assegura uma demografia em crescimento, em vários contextos de abordagem: equilíbrio entre quem “chega ao mundo” e quem está prestes a “partir”; tentativa de adaptação entre gerações; melhores condições de vida para os mais velhos, se os mais novos tiverem por eles um mínimo de respeito e consideração, de resto, como se costuma dizer: “o mundo é das crianças e dos jovens”, aliás: «A vida é tanto mais longa quanto maior for o coeficiente de bem-estar material e espiritual que possamos dar à existência do velho» (FARIA, 1973:20).

Por outro lado, a idade biológica também é um outro elemento muito importante na vida de cada pessoa, e determinante quanto ao envelhecimento, porque existe uma diferença entre as duas idades: cronológica e biológica, a saber: «A idade cronológica está relacionada simplesmente ao tempo de vida que uma pessoa possui. Já a biológica está relacionada ao envelhecimento das células que, por sua vez, está diretamente ligado aos hábitos e qualidade de vida. E essa idade biológica poderá ser corrompida por fatores evitáveis que interferem na idade cronológica e causam o desequilíbrio» (in http://rspress.com.br/health4life/idade-cronologica-x-idade-biologica/ em 05.08.2015).

Preconceituosamente, pauta-se a existência humana entre dois extremos: os jovens e os idosos, intermediando entre eles o que vulgarmente se designa por adultos, aqueles que estão ou pretendem ingressar no mundo do trabalho, desenvolver uma atividade profissional, e depois atingirem uma idade que lhes permita viver sem trabalhar, através da atribuição de uma reforma, pelos anos de descontos para um sistema de segurança social.

Com alguma frequência, observa-se haver um certo desfasamento entre os mais velhos e os mais novos, talvez porque determinados princípios, valores e sentimentos não foram incutidos logo à nascença e pela vida fora. Com efeito: «O que em verdade se verifica é a incompreensão, a intolerância, para não dizer mesmo a falta de solidariedade, dos mais moços, em relação aos mais velhos, esquecendo-se que a juventude passa depressa e que amanhã entrarão também no outono da vida, aptos portanto a receberem o mesmo menosprezo e o mesmo apodo da geração que os antecedem.» (Ibid.:76).

Na perspectiva da possibilidade de colaboração efetiva à sociedade, a vida, realmente, não terá idade, não se compreendendo as razões porque a partir de certas idades são dificultadas a prestação de determinadas tarefas, e a continuação do exercício de funções desempenhadas ao longo de uma carreira profissional. Mentalidades que defendem estas e outras posições, contra o aproveitamento de conhecimentos, experiências e sabedoria dos idosos, de facto em nada contribuem para uma sociedade mais justa e desenvolvida.

É sabido que: «O velho quando está em condições de colaborar com o governo não sabe como viver. Fecham-lhe todas as portas, impossibilitando-o assim de prestar serviços e de ser útil à comunidade, quando ainda se sente apto para o trabalho. Cria-se desse modo o preconceito de que só os moços têm direito à vida ativa e que os velhos devem ser marginalizados. Os que não podem portanto tirar partido de suas próprias iniciativas, não encontram os meios de subsistência necessários nos diversos setores de atividade humana.» (Ibid.:85).

A indiferença com que a sociedade em geral, e os governantes e empregadores em particular, têm manifestado pelas pessoas mais idosas revela-se, precisamente, desde logo, no acesso aos meios de subsistência: seja para ampliar eventuais rendimentos; seja para adquirir o mínimo indispensável para viver com dignidade.

Reunidas determinadas condições, realmente a vida não pode ter idade, e se se pretende uma sociedade mais justa, mais competitiva, economicamente mais saudável, não se compreende como é possível a um país, dar-se ao luxo de dispensar mão-de-obra qualificada, experiente, responsável e sábia. Esta situação leva-nos a pensar que poderá haver uma gestão inadequada dos recursos humanos, até porque: “Ser idoso não significa ser doente ou inválido; assim como ser jovem não é forçosamente sinônimo de saúde”.

E se em algumas profissões, nomeadamente a nível da medicina, os médicos reformados podem continuar a trabalhar, sem corte nas pensões e auferindo mais um determinado complemento, então os mesmos critérios deveriam ser aplicados a outras profissões e atividades, porque de contrário estamos perante uma discriminação negativa, em que uns são portugueses de primeira; outros de segunda ou terceira categorias e, a ser assim, é inqualificável tal situação.

A vida não tem idade. A vida tem melhores ou piores condições para que ela proporcione as possibilidades, ou não, respetivamente, para que as pessoas possam continuar a trabalhar, a serem úteis à sociedade, ao bem-comum e não é afastando da vida ativa tais pessoas que a situação económica, a qualidade de vida e a sustentabilidade das instituições se conseguem.

Naturalmente que não se está a defender, nesta reflexão, que as pessoas se mantenham a trabalhar toda a vida, mas sim: a) enquanto tiverem saúde; b) assim o desejem; c) depois de atingirem um tempo mínimo para passarem à reforma, não necessariamente pelo método cumulativo, mas apenas quando atingir uma das condições: ou idade, ou tempo de serviço, ou tempo de descontos.

A partir daqui o sistema político governamental, empresários e empregadores, devem continuar a ter ao seu serviço pessoas que, apresentando-se em boas condições físicas, psicológicas e intelectuais, como já foi referido, queiram continuar a dar o seu melhor, porque uma política com estas características só traz benefícios para todas as partes: trabalhadores, Estado, Empregadores e a Sociedade.

A Vida não tem idade: «Ninguém envelhece enquanto não perde o interesse pela vida, enquanto o espírito não se sente envelhecido, enquanto o coração não se torna frio e indiferente. A arte de envelhecer é viver sem se sentir velho. É nos sentirmos ativos e seguros diante da vida» (Marden, in FARIA, 1973:108).

E se é possível medir o tempo cronologicamente, ao ponto de se poder definir qual a idade de uma pessoa ou de um acontecimento, a partir de um momento de referência, por exemplo: no que respeita à era d.C. (depois de Cristo) e, no nosso caso, afirmar-se que estamos no ano de 2015, outro tanto não se pode aceitar em relação à idade biológica que depende do estado de envelhecimento dos órgãos e células do corpo humano. Por outro lado o tempo dos sentimentos, das emoções, do sofrimento e do prazer é diferente de umas situações para outras.

Quando vivemos em sofrimento, o tempo parece que não “corre”, dizemos que é uma “eternidade”; mas se se viver uma situação inversa, de prazer e alegria, então o tempo “passa” rapidamente, e nem sequer damos por essa velocidade. De igual forma, quando desejamos muito alguma coisa boa, o tempo como que para, o que não acontece quando pressentimos que algo de mal está para acontecer, por isso também dizemos que o tempo é “psicológico”.

Evidentemente que não é possível ignorarmos certas situações de falta de saúde, em função das idades cronológica e também biológica. Com efeito, algumas doenças, muito típicas, surgem com mais frequência nas idades relativamente avançadas, enquanto que na maioria dos jovens e adultos, o que ocorre com mais assiduidade são os acidentes, podendo-se afirmar que: «Quando um velho está satisfeito com a vida, quando encontra prazer em viver, quando sente alegria em seu ambiente, a idade não existe. Muitos velhos felizes se surpreendem quando ouvem pela primeira vez alguém os chamar “de velho”. Até então nunca haviam pensado nisso.» (FARIA, 1973:162).

Seguramente que a realidade está patente ao nosso conhecimento, e se numa perspectiva espiritual, principalmente para os crentes, a vida não tem idade, a verdade é que todos sabemos que a vida física tem um princípio e um fim, é mais longa para umas pessoas, mais curta para outras ,e também se sabe que: «Uma vida longa não repousa apenas nos alicerces físicos do corpo, mas também na defesa da nossa mente, do nosso espírito. Não se pode alimentar o corpo quando o espírito trabalha mal.» (Ibid.:184).

Aceitando, portanto, a dualidade da vida: física e espiritual, é possível assumir uma posição consensual, segundo a qual, existe um limite para vida física e, provavelmente, uma eternidade, não quantificável, para a vida espiritual. Além disso, a partir do estado de espírito das pessoas, das suas atividades, também se pode afirmar que a vida não tem idade, embora, cronologicamente, a idade possa constar de documentos oficiais e, biologicamente, a degradação dos órgãos e células apontem para mais idade.

 

Bibliografia.

 

FARIA, Carlos Coelho de, (1973). A Vida não tem idade. Uma experiência a serviço da Gerontologia Social. 2ª Ed. São Paulo: Departamento de Geriatria D. Pedro II da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paula e Editora Bisordi. Ltdª.

 

O Presidente da Direção,

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

925 935 946



 

 

 

domingo, 6 de setembro de 2015

Direitos e Políticas Sociais


As Políticas Sociais, hoje assim designadas, podem ser detetadas, ainda que sob qualquer outra designação, no decurso do século XIX, embora abordadas em contextos diferentes e por autores do chamado “socialismo utópico”, quando defendem nos seus projetos, sistemas mutualistas, educação gratuita para todos, salários suficientes e a garantia de trabalho, sob pena de se cair na mendicidade, o que constituía crime, na perspectiva de alguns daqueles autores, por ser considerada vadiagem e esta legalmente punível.
 
Uma primeira linha de políticas sociais poderia circunscrever-se à existência de uma organização social e económica que, entre outros objetivos, visaria assegurar um mínimo de apoios para a resolução de situações/problemas sociais que, mais ou menos profundamente, atingem determinadas classes sociais, concretamente, as mais desfavorecidas.

Implementar num país, um sistema de políticas sociais, generalizadas a toda a população, indiferentemente da situação económica de cada indivíduo e família, abrindo todas as áreas sociais: educação, saúde, habitação, transportes, emprego, reformas, formação profissional e programas ocupacionais diversos, bem como justiça, segurança pública, reinserção dos diversos tipos de excluídos (reclusos, toxicodependentes, sem-abrigo, crianças abandonadas, etc.), lares de terceira idade, etc., envolve recursos humanos, técnicos e financeiros que poderão não estar disponíveis e/ou nem sequer existirem nesse mesmo país.

Um sistema de políticas sociais, genericamente abrangentes, contemplando todos os direitos constitucionais e acolhendo também o espírito e letra da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Carta Social Europeia e as Constituições Políticas Nacionais, envolve uma administração especializada e rigorosa de todos os recursos necessários à sensibilização e responsabilização dos contribuintes, através dos impostos devidos.

O bom funcionamento da Segurança Social e a repartição justa dos recursos, por todos os que carecem de apoio, não é compatível com o incumprimento dos deveres de participação, daqueles que não pagam, mas que até podem contribuir, de contrário não se compreende um Estado Solidário de Direito Democrático.

Qualquer sistema de Segurança Social carece de recursos financeiros, técnicos e humanos elevados e especializados, respetivamente. A importância dos técnicos, quer ao nível legislativo quer ao nível da intervenção social no terreno, é condição indispensável para melhorar qualquer sistema de políticas sociais.

Liberdades Individuais e Direitos Sociais – Um dos grandes preceitos constitucionais determina que: «Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a Lei» (CRP Artº 13º 1.) de que resulta que tais direitos não devem excluir quaisquer outros que provêm da legislação ordinária, sendo que, o contrário é que não é legal, ou seja, eliminar direitos constitucionais por via da legislação avulsa, aliás: «Os preceitos constitucionais e legais relativos aos direitos fundamentais, devem ser interpretados e integrados de harmonia com a Declaração Universal dos Direitos do Homem» (CRP, Artº 16º 2). Por outro lado, é verdade que em situações muito especiais, dir-se-ia excepcionais, podem determinados direitos ser suspensos ou mesmo extintos, desde que constitucionalmente previsto e apenas nos termos da Lei Fundamental.

Nos países democráticos, Direitos, Liberdades e Garantias constituem um conjunto muito vasto de possibilidades e exercício de os cidadãos acederem à fruição de uma vida com qualidade, dignidade e responsabilidade.

Se se recuar no tempo, verifica-se que no período que se seguiu à Revolução Francesa de 1789 e, provavelmente, em parte, consequência desta, a implementação de determinados direitos é uma realidade, desde logo, os designados Direitos Civis: liberdade, segurança, propriedade, resistência à opressão, aos quais se podem acrescentar outros, constantes em documentos e países diferentes.

Uma segunda fase dos Direitos ocorre já no século XIX e caracteriza-se pela proclamação dos intitulados Direitos Políticos: direito de voto, direito de ser eleito, direito de constituição de associações, de partidos políticos, estes assumindo a representação máxima nos respectivos Parlamentos e Assembleias do Poder Local Democrático.

Já em pleno século XX, surge uma nova geração de direitos aos quais se convencionou chamar de Direitos Sociais, com uma natureza económica e social, de que se destacam o direito ao bem-estar, segurança, participação na riqueza social, vida culta e civilizada, direito a férias e a vários benefícios, não absolutamente de primeira necessidade, mas essenciais à dignidade humana.

Em resumo, pode-se aceitar o seguinte trinómio de Direitos:

a) Direitos Civis, liberdades fundamentais protegidas por lei, liberdade contra a discriminação, prisão ou detenções arbitrárias, liberdade de reunião e livre discussão, liberdade de imprensa e de expressão, inviolabilidade de domicílio e da correspondência, liberdade de constituir família, liberdade de consciência, de religião e de culto;

b) Direitos Políticos, liberdade de direito de voto, adesão e participação em partidos políticos e de governo, responder perante a opinião pública, acesso a cargos públicos, direito de petição e de ação popular, direito de reunião e de manifestação;

c) Direitos Sociais, incluem-se aqui os direitos à educação, bem-estar social, segurança social, direito ao trabalho, segurança no emprego, liberdade sindical, direito à greve, solidariedade, saúde, habitação, ambiente e qualidade de vida, família, infância, juventude, cidadãos portadores de deficiência e terceira idade.

Bibliografia

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA, (2004), Versão de 2004. Porto: Porto Editora.

 

O Presidente da Direção,

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
925 935 946

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

O Processo de Autodesenvolvimento


As pessoas que pretendem obter e manter um emprego, aperfeiçoar o desempenho e evoluir na carreira e assim melhor se realizarem na vida, devem cuidar do seu autodesenvolvimento, como se de um imperativo se tratasse, ao longo da vida, afinal, um investimento compensador.

Pode-se caracterizar o autodesenvolvimento como uma preocupação permanente, no sentido da pessoa cuidar da sua evolução educacional, cultural, técnica e atitudinal, por conta própria, uma vez que os governos, as entidades públicas e as empresas não podem fornecer tudo o que as pessoas precisam, para o seu autodesenvolvimento.

Trata-se de uma necessidade indispensável, pelas seguintes razões: a) Aumento da competitividade no mundo do trabalho e dos negócios; b) Mudanças continuadas e rápidas dos conhecimentos e das tecnologias; c) Necessidade ou conveniência de aumentar as condições de empregabilidade e de evolução na carreira; d) Contribui para aumentar a auto-estima e autoconfiança; e) Nenhum empregador pode oferecer todos os treinamentos e desenvolvimentos que as pessoas precisam ter.

O Processo de autodesenvolvimento constitui, afinal, a busca e a fixação das estratégias, conhecimentos e metodologias a seguir pelo próprio trabalhador, o qual organizará todo o estudo de acordo com as suas necessidades, face às exigências da Instituição em que está empregado ou tenciona empregar-se.

O processo comporta algumas fases que se indicam a seguir: 1) Fazer uma autoanálise, para definir mais claramente seus interesses de aprendizagem e evolução, tendo em conta o seu nível de atualização profissional, da necessidade de aquisição de novos conhecimentos e habilidades; 2) Para ajudar no autodiagnóstico é preciso determinar o grau de insatisfação em termos de desenvolvimento pessoal; 3) Definir um roteiro e/ou um método adequados para o autodesenvolvimento, estabelecendo objetivos claros e atingíveis, constantes do plano pessoal, sobre o qual deve haver um controle da evolução; 4) Não ficar apenas na intenção, mas partir, firmemente, para a ação, empreender, correr riscos, se necessário, visando alcançar os objetivos; 5) Compartilhar os propósitos com outros, e selecionar pessoas que possam ajudar, buscando, alternada, ou paralelamente, apoio ou suporte para ajudar a alcançar os objetivos; 6) Ser perseverante no processo de aprendizagem, considerando-se importante recarregar a bateria da automotivação; 7) Avaliar, continuamente, os resultados do processo de aprendizagem, verificando os avanços e os fracassos.

O autodesenvolvimento é, portanto, um processo contínuo na vida, porque além de necessário, pelas muitas razões já enunciadas, deve ser visto, também, como uma forma de tornar a vida mais interessante.

Com esse objetivo sugerem-se algumas boas-práticas, nomeadamente: a) Identificar, priorizar e planear os conhecimentos que são necessários adquirir ou reciclar, e que competências e habilidades se precisa desenvolver; b) Reservar algumas horas do tempo livre, para ler um bom livro relacionado com a área de interesse; c) Trocar parte das horas gastas a ouvir música, vendo televisão, ou outras atividades de lazer, para aplicação em algum tipo de estudo ou aprendizagem, transformando os momentos de autodesenvolvimento em prazer; d) Formar e manter grupo de conversas ou debates periódicos, com parentes, colegas ou amigos, para tratar de assuntos de cultura geral, úteis para a vida, nomeadamente: arte, ética, politica, economia, saúde, cidadania; e) Ampliar os conhecimentos ligados às atividades desenvolvidas, tornando-se polivalente ou policompetente; f) Reciclar, constantemente, os conhecimentos relativos à profissão principal; g) Desenvolver habilidades de relacionamento interpessoal e aplicar valores, princípios éticos, senso de responsabilidade, coerência, lealdade, sinceridade, honestidade; h) Participar em cursos, palestras, seminários e eventos temáticos na área dos interesses próprios.

Como competências importantes para o Autodesenvolvimento, podem destacar-se as seguintes: 1) Capacidade de estudar; 2) Capacidade de descobrir fontes de informação e de conhecimento; 3) Ter curiosidade; 4) Ter persistência; 5) Saber administrar o tempo; 6) Ser automotivado.

Finalmente, referem-se as características das pessoas que as empresas querem ter como empregados: 1) Ser responsável por sua vida pessoal; 2) Demonstrar que pode adicionar valores; 3) Ter um impacto positivo na empresa, com colegas e amigos; 4) Saber e querer abraçar e iniciar mudanças; 5) Trabalhar com inteligência, empenho, agilidade e sentido de melhoria; 6) Comunicar-se aberta e diretamente; 7) Buscar oportunidades de liderança; 8) Comprometer-se com o autodesenvolvimento ao longo da vida.

 

O Presidente da Direção,

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

925 935 946



 

domingo, 5 de julho de 2015

O Aniversário.


Todos os dias do ano, são suscetíveis de terem uma conotação a um acontecimento: seja pessoal, familiar, comunitário, universal, histórico, científico; ou de qualquer outra natureza, porque sempre há um motivo para se comemorar um facto, em ambiente mais restrito e privado ou alargado e público.

Aniversários acontecem, portanto, todos os dias, pelas melhores ou piores razões como por exemplo: comemorar o dia mundial da paz, a declaração universal dos direitos humanos; ou recordar o holocausto, as duas grandes guerras mundiais, respetivamente. Lembrar as vitórias bélicas, que durante a monarquia tivemos, e também as derrotas que nos foram infligidas, como a de Alcácer Quibir, enfim, haverá sempre uma razão para a alegria e a tristeza em determinados dias do ano.

No domínio pessoal, é verdade que se solenizam diversos dias durante o mesmo ano: o nascimento e a morte; o casamento e a separação; o batismo e outros sacramentos; o primeiro emprego e a reforma; a entrada para a escola e a conclusão de um curso superior; o ingresso nas Forças Armadas ou de Segurança e o desenvolvimento de toda uma carreira.

Cada um daqueles acontecimentos, é marcado por uma data, que se procura festejar com alegria ou recordar com saudade e dor. Os aniversários são, portanto, marcos indeléveis nas histórias das pessoas, da sociedade e do mundo, que não devem deixar de ser recordados, por muito que isso custe, na medida em que, os factos menos bons, podem ajudar-nos a melhorar no futuro as mentalidades, os comportamentos e conseguir-se viver num mundo mais equilibrado e pacífico.

Aniversários pessoais de natureza natalícia, normalmente, são os mais festejados enquanto os aniversariantes estão vivos, eles próprios, na maior parte das vezes, a participarem ativamente, com imensa alegria naqueles momentos que lhe são atribuídos, ao longo desse mesmo dia.

Neste, cinco de Julho, pretendo abordar o aniversário natalício porque, normalmente, é aquele que cada pessoa em particular, a família e os amigos em geral, mais rejubilam, se encontram em alegres convívios, precisamente, para comemorar mais um ano de vida (para os pessimistas/realistas, menos um ano para chegarem ao limite da linha existencial).

Há quem relacione, muito estreitamente, a data do seu aniversário com um determinado signo do Zodíaco e procure enaltecer as melhores características, ignorando e/ou desvalorizando os aspetos mais negativos, todavia, como quer que  seja, todos os signos apresentam uma dimensão positiva, e as pessoas que dele fazem parte, como que se sentem mais avalizadas, eventualmente, com uma autoestima mais elevada.

Nas primeiras três semanas deste mês de Julho, o signo do “Caranguejo” ou também designado por “Câncer” é o que prevalece. As pessoas nascidas em “Câncer” e segundo os estudiosos destas matérias, apresentam as seguintes características:

«Descrição de Câncer. O caráter de um canceriano é o menos claro de todos os signos do zodíaco. Um canceriano pode ser de tímido e aborrecido a brilhante e famoso. Os cancerianos são conservadores e adoram a segurança e o calor do lar. De fato, para os homens de Câncer o lar é como um ninho, um refúgio para onde ir quando o estresse do trabalho é demasiado. A casa de um canceriano tende a ser seu refúgio pessoal mais do que uma vitrine para deslumbrar aos demais.

Um canceriano entende que há momentos para ser sociável e outros momentos para ser solitário. Isto é uma das contradições em seu caráter. Desde fora parecem decididos, resistentes, teimosos, tenazes, energéticos, sábios e intuitivos.

Não obstante, os que lhes conhecem desde a intimidade podem ver um tipo de pessoa totalmente diferente - alguém sensível, sobretudo com as pessoas de quem gosta. Os cancerianos sabem identificar-se com a situação dos outros por sua grande capacidade imaginativa. Às vezes são fantasiosos demais e pretendem construir a vida segundo um ideal romântico. Gostam de arte, música e literatura, sobretudo de artes dramáticas e de ação.

Os cancerianos possuem um talento literário ou artístico considerável. Seu caminho pessoal consiste em reconciliar seu conflito interno. Por um lado, lhes encanta ser extrovertidos; por outro, têm tendência a retrair-se. Quando conseguem conciliar ambos os lados são capazes de inspirar toda uma geração, sobretudo os jovens, com suas ideias.

O canceriano tem uma memória excelente, sobretudo para acontecimentos pessoais e recordações da infância, que são capazes de lembrar com o máximo detalhe. Os cancerianos vivem condicionados por suas recordações do passado e por sua imaginação sobre o futuro.

O signo de Câncer tem muitos defeitos potenciais. Podem ter uma tendência à desordem, um complexo de inferioridade. Sentem-se iludidos com frequência, e muitas vezes por causas imaginadas, sem fundamento real, e adoram receber afagos. São ambiciosos. Podem mudar sem dificuldade de profissão, de lealdade e inclusive de opinião sobre as pessoas.

Câncer e o trabalho. Sua grande capacidade faz com que o canceriano possa ter sucesso em qualquer tipo de profissão. Interessam-lhe as opiniões dos demais e podem chegar a ser excelentes jornalistas, escritores ou políticos (ainda que seja possível que mudem de afiliação em algum momento). Podem trabalhar no setor público com sucesso. As pessoas de Câncer são muito apegadas ao lar, e isto lhes ajuda a ser grandes cozinheiros ou donas de casa. Também são bons gestores.

Câncer e as relações pessoais. Em suas relações pessoais os cancerianos são uma mistura de força e suavidade. Na vida real e em suas relações sentimentais, seu amor é intensamente leal. Ainda que tenham relações extraconjugais (o que é muito possível, porque os cancerianos, sobretudo os homens, estão abertos à excitação sensual), sua primeira responsabilidade é com sua esposa e sua família, porque o consideram seu protetor. Os cancerianos amam incondicionalmente. Também são amigos fiéis. (in http://www.euroresidentes.com/portugues/signos-do-zodiaco/cancer.htm em 01.07.2015).

Independentemente do valor científico, ou não, destas descrições, a verdade é que muitas pessoas acreditam, piamente, que reúnem as condições referenciadas no seu signo, principalmente as boas qualidades, contudo, não se pode afirmar inequívoca e taxativamente, o que estará certo ou errado, sendo importante, apesar de tudo, que as pessoas se sintam felizes.

Os aniversários natalícios permitem, portanto, conjugar uma série de fatores que proporcionam pelo menos, alguns momentos de confraternização, por vezes, esquecer problemas anteriores, adiar preocupações futuras, estabelecer relações, entretanto interrompidas, reatar amizades antigas, e/ou conquistar novos amigos e, em determinadas circunstâncias, muito específicas, até se geram novas redes sociais, novos laços de relacionamentos, novas oportunidades de vida.

É claro que os aniversários natalícios também comportam uma vertente mais materialista, consubstanciada na oferta de prendas, ao aniversariante que, naturalmente e de uma forma geral aceita e agradece, sendo que tais presentes, os mais diversificados, podem atingir valores monetários elevadíssimos, como também valores incalculáveis de estimação.

Mas um aniversário natalício não é apenas um tempo de confraternização e de oferta de prendas, porque deverá comportar uma reflexão profunda sobre o que se fez no último ano, ou desde a comemoração do aniversário anterior, separar o que correu bem, do que foi mais negativo para, no futuro, se poderem corrigir, com toda a humildade, os erros cometidos e melhorar o que já tinha sido bem feito.

Neste cinco de Julho, mais um ano se passou, com dias melhores e outros menos bons. Nunca estamos satisfeitos, mas há situações que bem poderíamos dispensar, como as que se relacionam com a doença, o desemprego, a fome, a miséria, os conflitos. Que poderemos fazer, no dia do nosso aniversário, para minimizar tais conjunturas? Como colaborar, e com quem, para que o nosso aniversário não seja ofuscado pelas tragédias naturais ou as que são provocadas pelo ser humano, por esse mundo fora?

É óbvio que o facto de estarmos vivos, com saúde, com trabalho, é motivo suficiente para festejarmos o aniversário natalício mas, em certos contextos, talvez com um pouco mais de moderação, de simplicidade, de probidade, porque naqueles momentos da nossa euforia, milhões de outros seres humanos, estão a sofrer.

Naturalmente, e para quem é crente, deve-se dar Graças a Deus por mais um ano de existência e, se durante este período, a vida nos correu bem, mais razões teremos para estarmos agradecidos, assim como a quem nos tem ajudado: seja com apoio moral; seja com auxílio material. Neste dia de festa de aniversário, não é descabido refletir sobre o passado, como é legítimo perspetivar o futuro.

Festejar o aniversário natalício com a família, com os amigos verdadeiros, num ambiente de total sinceridade, é um acontecimento inolvidável, que deve ser registado com muito carinho, também com respeito e amizade ilimitada, porque é neste conjunto de bons princípios, valores, sentimentos e emoções que a “festa” tem o seu ponto alto. Digamos que a dignidade reside na conciliação e harmonia de todos os convivas.

Mas, nas festas de aniversários natalícios, por vezes também se cometem excessos: seja de ingestão de alimentos e bebidas; seja na linguagem e gestos que, ao mínimo descuido, assumem proporções que conduzem à ofensa dos presentes em geral, e do aniversariante em particular. O facto de se estar num convívio, com alegria e boa disposição, não deve, nem pode, ser motivo para que o ambiente festivo descambe para qualquer tipo de violência, física ou verbal que, a acontecer, causaria muita tristeza.

O aniversário natalício é uma data única, que se repete em cada ano, que deve ser festejada sim, cada vez com mais alegria e também sobriedade, que honre a condição superior do aniversariante, que estimule a sua autoestima e reforce as amizades. Trata-se de um dia que, por muitos anos, na maioria das pessoas, é festejado, mas que, mais tarde, também será recordado, com saudade, pelos entes mais queridos, daquele que foi nosso familiar e/ou amigo.

Cinco de julho, é o meu dia, o qual dedico com total amor à minha família nuclear, também com grande amizade à minha restante família e amigos verdadeiros, que desejo recordar enquanto as faculdades mentais me permitirem. Neste cinco de Julho, as prendas que realmente mais desejo são: a saúde, o amor/amizade, o trabalho, a paz, a felicidade e a Graça de Deus, porque o restante, seja lá o que for, virá sempre por acréscimo, seja para o bem, seja para o mal.

No conjunto de muitos “cinco de Julho”, tenho tido a ventura de sempre comemorar esta data em família, com um ou outro amigo, que me presenteiam com as suas presenças agradáveis e sinceras, por isso, nada mais importa do que ter à nossa volta, nos festejos dos nossos aniversários, a família e os bons e incondicionais amigos, verdadeiros e puros. Isto sim, é o mais importante em qualquer aniversário.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente da Direcção da ARPCA